quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pra melhorar, pode gastar! Afinal... é público!!!


Segundo o Dicionário Aurélio, política é a arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos; e ainda, o modo acertado de conduzir uma negociação, estratégia. E político, é definido como hábil, astuto, exerce ou procura exercer a política. Ou seja, o político exerce ou procura exercer de modo acertado uma negociação, estratégia. Quer dizer, deveria ser assim mas todos nós infelizmente já sabemos que não é. Devemos pois nos acomodar com isso? NÃO! NÃO! NÃO!

Já bem dizia Paulo em sua carta aos Romanos 12:2 "... e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento...". Que fazer então? Se temos meios de denunciar, façamos. A começar em mim; declaro a minha revolta ao ter que pegar um ônibus e saber que por causa de uma obra mal feita irei passar 15 a 20 minutos a mais dentro deste.

Isso mesmo, por acharem que o trânsito na Avenida dos Expedicionários cruzamento com a BR-343 estava ruim, resolveram melhorá-la com a construção de uma rótula e uma nova Avenida, a "dos Ipês". O detalhe é que conseguiram piorá-la, de maneira que se tivessem planejado não conseguiriam. Um feito único!

Os responsáveis disso, não sei ao certo. Sei que estão envolvidos: SEMPLAN, SDU-LESTE, DNIT e acredite, os motoristas que passam por ali. Para uma obra daquele porte acontecer, é preciso um projeto elaborado, visto e revisto por Topógrafos, Engenheiros Civis, Engenheiros de Trânsito e muitas outras pessoas especializadas no assunto.

Sei também que o projeto daquela obra foi de autoria da SDU-LESTE, e segundo José Alberto, engenheiro fiscal da obra, a Prefeitura Municipal não tem serviço de topografia, sendo assim foi contratado uma empresa para fazer o serviço. É interessante ressaltar que ao revisarem o projeto, no mínimo um Engenheiro de Trânsito poderia ter previsto que o fluxo de carros poderia aumentar e o trânsito naquele trecho iria piorar. Outro detalhe, é que esse projeto foi visto além da empresa, pelo DNIT também. Quanto à SEMPLAN, de acordo com José Alberto, não se envolveu muito. Acho que só deve ter assinado algum documento autorizando o andamento da obra.

Quando perguntei a José Alberto, se este aspecto foi previsto por alguém ele me respondeu da seguinte maneira: "não é que o projeto foi feito errado, é que ele foi feito de uma maneira e as coisas aconteceram de outra maneira." Segundo ele, as condições de tráfego ali pioraram também por causa dos motoristas que na pressa optaram por trafegar cada vez mais por ali e não respeitam as sinalizações ali existentes. "Por conta deles (motoristas), é que vamos fazer modificações ali, não é porque o projeto tava errado ou por que não haviamos previsto nada não.", afirma José Alberto, engenheiro fiscal da obra.

Pois é, como se não bastasse terem gasto uma boa grana fazendo aquilo, agora eles vão tentar reparar o estrago (será que eles conseguem?), essa informação também é garantida por Augusto Basílio, Engenheiro de Trânsito da SEMPLAN. Quando foi questionado sobre os novos gastos por causa do "possível erro no projeto e imprudência dos motoristas", ele preferiu me falar do que vai acontecer nas avenidas e na BR-343. O reinício das obras está previsto para a partir do dia 28/05/2008, e não foram iniciadas antes por causa do período chuvoso em que estavámos, pois iria atrapalhar o bom andamento das obras.

Mas, e o que vai acontecer de fato com essa obra? Bem, isso eu também sei resolver, de acordo com Augusto Basílio e José Alberto, a Avenida dos Expedicionários vai ganhar um canteiro central e duas novas vias de um lado do canteiro e outras duas do outro lado, vai haver uma melhoria na sinalização, e atenção jovens do CEUT, a "pracinha" onde se lancha o cachorro-quente vai desaparecer. A rótula vai ser aumentada em forma de uma elipse, e um pequeno alargamento nas avenidas e BR na chegada junto à rotúla. Quanto ao Atlantic City, suponho que vai perder algum espaço, até por quê onde vai ficar a parada dos ônibus?! Eles não me contaram tudo, mas já dá pra ter uma idéia de como as coisas vão ficar.

Enquanto isso, vamos ficar observando das janelas dos ônibus e carros que por ali passarem, o dinheiro público sendo aplicado quem sabe agora de maneira correta, num projeto quem sabe bem analisado, e quem sabe com todos prós e contras bem revistos. Estamos de olho, e com o esporão bem afiado!

Fotos: Maurício Pokemon

terça-feira, 27 de maio de 2008

O Eco-Turismo em PII

Que o Festival de Inverno de Pedro II foi ótimo todo mundo já sabe, e eu não preciso ser a milésima pessoa a dar meu depoimento. Claro que eu adorei e recomendo-o pra todo mundo, mas não é sobre isso que vou falar.

Em Pedro II, o que chamou muito minha atenção foi o Eco-Turismo. As belezas naturais da serra, ainda são pouco exploradas, o acesso é bem complicado, mas a recompensa pra quem consegue enfrentar todas as dificuldades da estrada, paga qualquer esforço. São belíssimas cachoeiras, lugares de muito verde. Para quem aprecia a natureza e para quem não gosta também vale a pena conhecer.

Para chegar ao Mirante do Gritador, é necessário passar por 12km de estrada de piçarra, esta cheia de buracos. Mas quando acaba a estrada e você chega ao destino e vê aquele paredão verde, aquela imensidão é impossível dizer que não valeu a pena. È um lugar lindo, e a única vontade de quem chega lá é de um pouco de silencio e paz. Tem uns grupos que fazem rappel, outras pessoas fazem trilhas de bicicleta, algumas preferem fazer trilha á pé o que importa é o espírito aventureiro!Eu só tive a oportunidade de apreciar a beleza mesmo. Mas qualquer dia volto lá atrás de uma aventura. Me contaram que se você joga um chapéu no Gritador ele volta. Infelizmente ninguém quis me emprestar um para eu testar. Mas muita gente diz que já jogou e realmente voltou.

O acesso à Cachoeira do Salto Liso, é um pouco mais complicado, porque além da estrada de piçarra que dá para ir de carro, ainda tem uns 2,5km de caminhada. O bom é que enquanto caminhamos, ouvimos o som da água correndo seu curso, é uma trilha um pouco cansativa, mas é agradável pelo contato com a natureza. A primeira visão da cachoeira é da parte de cima e então você tem duas opções para ir para a parte inferior: um rappel de 28m ou mais uma trilha. Os corajosos que escolhem o rappel não se arrependem. È uma descida maravilhosa, claro muito segura, onde alem de ter a refrescância da queda d’água, tem a adrenalina! Por fim, encontra-se uma lagoa linda, num banho de água gelada e um pouco de descanso para dar o fôlego para a volta.

Estas são apenas duas das belezas naturais de Pedro II, infelizmente apenas quatro dias não são suficientes para conhecer todos os lugares. Ate porque, alguns lugares como a Cachoeira do Urubu-Rei (a maior do Piauí), que tem 68m ainda possuem um acesso muito restrito. E também porque, convenhamos, aproveitar o festival à noite toda, acordar no outro dia ainda pensando que nem dormiu e ter que fazer trilha é só para quem dar muito valor a natureza mesmo! Mas que vale a pena, isso vale!


Fotos: Jairo Moura

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O que é isso, companheiro??



O Piauí Sampa ainda nem começou e já li algumas críticas relacionadas ao evento, tanto na internet como em bate-papos informais pela cidade afora. A impressão que eu tenho é que parece mais fácil criticar do que elogiar tudo que diz respeito ao Estado do Piauí. Mas acredito que ninguém se daria ao trabalho de promover um evento desse porte, na grande São Paulo, para que as pessoas pudessem como num circo, somente achar graça do nosso Estado... Ah, faça-me o favor! Credibilidade não se compra, é preciso trabalho e dedicação para que aconteça e o Piauí merece e pode conquistá-la. Acho que são válidos todos os esforços voltados à divulgação da rica cultura piauiense, da sua diversidade musical e artesanal, da sua deliciosa e tão elogiada culinária.

Na semana passada, durante a produção de uma matéria no Pólo Cerâmico do Poty Velho, minha equipe presenciou a saída, rumo a São Paulo, de um caminhão-baú abarrotado de artefatos produzidos pelos artesãos daquele bairro, que em vários depoimentos confirmaram o que já sabíamos: eventos desse tipo funcionam como vitrine e o retorno financeiro é garantido. Bom para eles, melhor ainda para o Estado. A própria reforma pela qual passou recentemente o Pólo Cerâmico, é prova disso: segundo os artesãos, a nova estrutura propiciou um aumento significativo na procura pelas belas cerâmicas piauienses.

O que dizer então, do Salão do Livro do Piauí? Na sua 5ª edição, o Salipi trará a Teresina nomes consagrados como Thiago de Mello e Zuenir Ventura, só para citar alguns. Entre os piauienses, já expuseram seus trabalhos por lá artistas como Hostiano Machado, Dora Parente, Gabriel Archanjo. E tem mais: eventos como o Festival de Inverno de Pedro II, Festival Artes de Março, Casa Piauí Design, vêm mostrando o que há de bom na Terra do Sol, nas mais diversas áreas.
Cá pra nós: ninguém tem obrigação de gostar do Piauí e do que é produzido por aqui, mas cada um de nós tem a obrigação de respeitar quem gosta e quem faz. Já bastam os “Zottolos” da vida (só pra citar um exemplo), não vamos nós também engrossar o coro dos descontentes...

sábado, 24 de maio de 2008

Cianeto, que felicidade!

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Ascensão e ascensão das infames tirinhas da internet

De desenhos toscos criados por nerds no anonimato à símbolo cult do humor na internet, o Cyanide and Happines surgiu em meio à um período de fraca produção das cultuadas comics ocidentais, onde velhos nomes não mais reverberavam como antes, e desenvolveu uma nova dimensão inigualável do humor: o contundente e pesado. Traduzido ao português como Cianeto e Felicidade, a famosa série de tirinhas que circula no mundo virtual é carregada de sarcasmo, humor negro e cinismo - que tanto garante boas doses de gargalhadas como também sentimentos de ofensa e repúdio por parte do público. Afinal de contas, pode-se encontrar de tudo nele: homossexualismo, drogas, pacientes com doenças terminais, pedofilia, racismo, muita violência e um esfaqueador de olhos vestido de roxo. Tudo sob uma capa de constrangimento (vísivel através dos vários momentos de silêncio e ausência de diálogo/ação), dando um toque non-sense e irracional à toda a criação.

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Kris Wilson e sua turma são os responsáveis pela origem da marmota underground. Aos 16 anos, Kris começou sua coleção de desenhos que costumava criar nas horas vagas, e logo se juntou ao StickSuicide, site que continha cômicas animaçôes feitas em flash, composto por Dave McElfatrick, Rob DenBleyker e Matt Melvine, residentes na Califórnia, EUA. O site breve se tornaria o Explosm.net, onde os quatro são autores, já focado à arte em si do que em animações feitas com o protótipo dos atuais personagens, os caricatos bonecos de palito. O atual website foi fundado em dezembro de 2004 e é atualizado diariamente com novas tirinhas, numa livre divulgação no mínimo heterodoxa: o Cyanide and Happiness aparece hora ou outra no orkut, em blogs e fóruns na internet, pois os própios autores incentivam o público a criarem links com as tiras. Atualmente, o Explosm.net é um dos sites mais visitados da rede, e tendo uma notável interatividade com seu público: qualquer pessoa pode ter sua tirinha publicada no site, após ser analisada pelos autores-fundadores do site. Milhares de outros sites traduzem e publicam as tiras, já disponíveis em mais de 20 idiomas. Um dos autores já lançou um livro e pretende lançar um segundo em breve.

E para quem não sabe, eis a tirinha que deu o nome para a série:

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- Algodão doce? - É feito de quê?

- (Silêncio)

- Cianeto e felicidade. - Felicidade !?!?

- Que massa! Vou levar 4!


A abrangência das formas que os temas são abordados é impressionante: nem sempre o quadrinho tem que manter uma linearidade, nem sempre há uma piada definitiva. Muitas vezes a história acaba com os personagens se encarando, ou por meio de uma repetição de quadros. Em Cyanide and Happines as imagens realmente valem mais que as palavras - algo antagônico, tendo em vista a pobreza do traço primitivo dos desenhistas.

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As inúmeras invocações à cultura pop são bastante frequentes em pequenas histórias que satirizam personagens mais do que conhecidos:

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A constante presença de um humor,muitas vezes sem nexo, modela o tipo de público que lêem as tirinhas. Piadas internas, que só tem graça para um mesmo grupo já são frequentes no meio das criações do explosm.net. Uma fórmula não pode ser definida, mas um dos elementos fortemente trabalhado por Kris e Cia é o humor irreverente, apresentado pelos mónologos, pela metalinguagem, a crítica aos valores culturais, sociais e religiosos - assim como a perversão de tais valores - e por detalhes estruturais de enredo. Neste último ponto, entra a questão da repetição dos personagens, pois é de grande relevância: pouquíssimos personagens possuem alguma relação com outros e aparecem em demais tiras, sendo os "super-heróis" os que se destacam - como o Seizure Man (Homen Convulsão), Lol Fag Man (algo como "Homen HAHA Bicha"), Education Man (Homem Educação - já se percebe a ironia logo em seu nome), e Charles, um cara grosso e que não dá atenção aos sentimentos dos outros. Neste exemplo, uma clara sátira à vida sedentária, ausente de prática e ligada à internet:

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Aqui, uma galeria com as mais diversas tirinhas, que abordam desde temas como amizade, até suicídio. Bom divertimento!

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http://www.explosm.net/comics

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Não durma no ponto, use uma rede!!!


Por gostar muito de dormir em rede, resolvi ir atrás de algo relacionado a esta iguaria.E constatei que realmente é muito difícil alguém não se apoixanar por uma boa dormida de rede.Aprendemos esta arte de dormir em rede com os índios, eram as índias as responsáveis por tece-las e foram as mulheres portuguesas que aperfeiçoaram as técnicas.É isso aí, meio século após o descobrimento do Brasil os colonizadores - colonos agricultores e jesuítas - já haviam se rendido aos encantos relaxantes da rede.Atualmente nordestinos e nortistas são usuários mais fiéis das redes,consequentemente é por aqui que há a maior produção de redes, mais especificamente no Ceará, Piauí, Alagoas e Pernambuco. Aqui no Piauí o ponto de referência desta produção é a cidade de Pedro II, onde há a Oficina de Artesanato de Pedro II.

Percebe-se assim, que a rede não serve só para descansar, tirar aquela boa sesta; serve também como uma boa fonte de renda, tanto para as mulheres que tecem quanto para quem revende, hum... então não fique aí só dormindo! Atualmente muitos hotéis, pousadas, turistas têm comprado redes tanto para uso pessoal quanto para ornamentação de ambientes fazendo uma referência regional ao Norte e Nordeste. No mercado Velho de Teresina, você encontra cerca de 6 a 10 lojas especializadas na venda de rede, ou seja, essa área tem um bom público consumidor. As redes piuienses são consumidas por muitos turistas do Sul do Brasil, segundo José Wender um desses logistas, "mas os turistas estrangeiros também não perdem a oportunidade de levar uma para suas casas", diz ele.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Enquanto o ônibus não vem...

Eu me pego aqui, na parada, pensando. Ou nisso, que chamamos com certo descuido de parada ou ponto de ônibus. Tanto faz. Algumas têm uma plaquinha indicando. Outras, nem isso. Nessas da Avenida Frei Serafim, na qual me encontro, veja só, arrancaram todas as paradas bem estruturadas com banquinhos e teto de concreto que, embora tenham andado caindo e provocando acidentes um tempo, ainda eram bem melhor do que esses, hm, o que seria isso mesmo? Corrimão. Corrimão? É, foi o mais parecido que encontrei pra definir isso aqui. Não sei se sento, se me encosto. Não dá nem pra apoiar os cadernos enquanto pego o passe-verde. Enfim, as antigas paradas eram melhores que isso. Ao menos protegiam do sol. Ou chuva forte. Porque aqui nessa cidade, faça-me o favor. Quando não está caindo chuva até alagar e desabrigar um monte de famílias, está fazendo aquele sol de 39 graus, obrigando o povo aqui da parada a formar fila organizada na sombra de um poste ou de um orelhão. Enquanto o ônibus não vem, obviamente. Ou enquanto ele vem, lotado, explodindo, caindo gente pela janela, e o motorista passa direto deixando você de otário, fazendo sinal de carona. Eu só queria entender por que, nesses chamados ‘horário de pico’, a frota de ônibus não é, no mínimo, triplicada. É gente demais, colega. Todos como eu, agora, apressados, cansados, com fome, e suando. Fazendo aqueles movimentos rotineiros, que parecem já estar programados. Sem ao menos cumprimentar seus companheiros de viagem, que por um instante parecem invisíveis. Dividindo aquele espaço pequeno, numa intimidade que chega a constranger. De pé, uma vez que as cadeiras já estão todas ocupadas. Esbarrando-se pelo menos no momento de uma freada brusca que o motorista, apressado em completar seu percurso, dá. Incluindo idosos, gestantes e deficientes físicos. Porque as cadeiras da frente, preferencialmente reservadas a esse público, quase sempre são ocupadas por outros. E eu fico indignada com a falta de solidariedade de alguns, que não oferecem lugar para vovós, nem tampouco se oferecem para segurar sacolas ou cadernos de quem vem quase caindo naquele empurra-empurra. Porque gentileza, teoricamente, gera gentileza. Às vezes me dá vontade de ir pra casa caminhando mesmo, sabe. Às vezes quase sempre. Quando estou bem aqui esperando o busão, que, apesar de tudo, ainda é necessário. Mesmo com tanta demora. Mesmo com tantos transtornos. Mesmo com essas greves, infundadas, a meu ver. Mesmo tendo que ouvir a dança créu na estação do rádio escolhida pelo motorista, enquanto o cobrador ensaia pequenos passos discretos da dança em sua função de receber a passagem. Aliás, ia diminuir, né? Quero dizer, o preço da passagem. Os estudantes protestaram, ficou para maio, e até agora, nem a sombra de redução. Só de greve mesmo, que felizmente, acabou. De todo modo, ia reduzir só aos fins de semana, exatamente quando não tenho aula e só de pensar na demora dos ônibus dá preguiça de sair de casa. Tudo beleza. Opa, meu ônibus.


Foto: Jairo Moura

terça-feira, 20 de maio de 2008

As bandas piauienses têm o espaço merecido?

validuaté....fotodejairoTodo piauiense já deve ter ouvido aquela velha reclamação dos músicos locais: “O Piauí não dá espaço nem valoriza as bandas daqui”, ou “Onde já se viu viver de musica aqui no Piauí? Isto é uma utopia.”

São muitas as reclamações, muitos são também os pedidos por mais espaço para a música do nosso estado mostrar seu trabalho, mostrar que vale a pena ter investimento. São inúmeras as bandas dos mais variados estilos, algumas com propostas mais ousadas, outras que apostam no som da moda. Não importa o estilo, o que os músicos querem é espaço para mostrar seu trabalho.

Mas, será que elas já não têm esse espaço tão desejado, ou elas realmente não recebem nenhum auxilio das autoridades competentes à nossa cultura? Foi pensando nisso, que entrevistamos músicos, produtores, secretários de comunicação e, é claro, o público. Cada um deu seu ponto de vista sobre o assunto e opinou sobre o que poderia melhorar.

Nosso trabalho foi organizar essas idéias para discutir um tema que nunca sai de moda no nosso estado.

 

Os músicos clamam por espaço!

Eles ensaiam várias horas por dia, correm atrás de lugares para fazer shows, mas ainda assim poucos são os que comparecem para prestigiar seu trabalho. Por esse e por uma série de outros motivos, muitas bandas se desfazem precocemente.

São inúmeras as reclamações por falta de espaço para shows, por falta de investimento nas bandas daqui, por falta de divulgação das bandas e dos lugares que elas vão tocar. É uma grande lista de pedidos às autoridades. E eles alegam não serem atendidos como gostariam.

Fizemos a seguinte pergunta aos músicos: “As bandas piauienses têm o espaço que merecem?”. A maioria esmagadora falou que há pouco espaço, principalmente se a banda só toca músicas próprias. Segundo eles, as bandas que tocam cover de outras do sul do país ou de bandas internacionais, sempre têm um espaço maior e são aceitas mais facilmente pelo público.

Mas um depoimento chamou a nossa atenção, foi o de Lidson (Guitarrista da banda Alcorrets), quando fizemos a mesma pergunta a ele, surpreendentemente ele nos respondeu: “Às vezes penso que sim e outras vezes que não. Para os nossos padrões piauienses sempre falam que fulano é bom ou que tal banda é ótima, que essa banda vai fazer sucesso, mas não a nível nacional. Acho que isso ocorre porque não fazem nada de diferente para atingirem eixo sul (que é o alvo para qualquer artista). Bandas como Acesso, Roque Moreira e Karranka que são excelentes para nós piauienses, mas no sul já existem trabalhos semelhantes. Penso que uma banda só faz sucesso quando tem algo de inovador para ser mostrado, por isso digo que nossa música tem o seu espaço merecido. Mas que se estas bandas tivessem recursos financeiros quem sabe não crescessem!”

Depois dessa resposta passamos a perguntar aos músicos o que eles faziam para chamar atenção, qual o diferencial da banda para que ela merecesse o espaço que estava reivindicando. Alguns se surpreenderam com a pergunta, poucos responderam e ainda assim estes não deram respostas concretas.

Talvez nossos músicos não tenham pensado que inovar pode fazer a diferença. Por isso talvez nunca se deram ao trabalho de pensar em algo diferente para unir com seu som.

Foi então que percebemos que precisávamos ouvir o outro lado da história para ter alguma conclusão certa sobre o assunto.

 

O outro lado da história...

Fomos atrás dos secretários de comunicação e de alguns produtores para ouvir o outro lado da história. Decidimos botar os produtores com os secretários, porque eles têm uma opinião muito parecida.

Eles responderam que se fosse a uns sete anos atrás, as bandas até teriam razão em reivindicar isso. Mas hoje já não é bem assim como os músicos reclamam. O Piauí evoluiu muito e junto com ele seu espaço musical. Uma Prova disso são os Espaços Culturais que possuímos hoje e os festivais onde sempre tem banda piauiense tocando. Um exemplo é o Piauí Pop, talvez o maior festival de música que o Piauí tem e, segundo o próprio Marcus Peixoto (idealizador do projeto) em uma palestra que deu sobre o festival de música neste ano: “O festival foi criado com o intuito de mostrar as bandas do Piauí aos piauienses. Trazer as bandas de renome nacional, foi a melhor forma que encontramos para reunir um público como o do Piauí Pop. Tanto que fizemos questão de fazer um palco ao lado do principal, só para as bandas regionais tocarem intercaladas com as nacionais”.Com a mesma idéia ele realizou os “Orkutfest’s” que são mini-festivais ao longo do ano, onde várias bandas daqui mostram o seu trabalho e uma banda nacional vem fazer show. Esta foi uma saída para uma reivindicação constante dos músicos piauienses.

Além desses exemplos ainda temos muitos outros lugares para mostrar, como: o Espaço Cultural Raízes, onde apenas bandas piauienses tocam; o Espaço Cultural Trilhos, que tem vários eventos culturais; o Bar Churu, que também preza pela música do nosso estado; o Espaço Cultural Noé Mendes, que tem vários eventos culturais de vários estilos musicais ao longo do ano; ainda tem eventos como o Rock na Praça e o Rock na Casa, que tem o único intuito de mostrar as bandas daqui; o Salão do Humor, que também tem shows de bandas regionais entre outros.

Os secretários e produtores, concordaram que para um músico viver do seu trabalho aqui no Piauí ainda é complicado. Mas eles acham que é questão de tempo, é algo que, está em fase de amadurecimento, e é necessário um pouco de paciência para essa solidificação ocorrer de fato.

Com argumentos convincentes e reais, as autoridades nos mostraram um outro lado que algumas pessoas não querem reconhecer, mas que existe, que tem muita importância. Sim. Muito ainda há para ser feito, e ninguém discorda disso. As autoridades respondem que é por isso que eles estão trabalhando, para que no futuro tenhamos muito mais espaços culturais, onde nossas bandas regionais tenham lugar, como elas já vêm tendo nos já existentes.

O que não pode, é que estas autoridades pensem que já fizeram o bastante e parem de trabalhar em prol da nossa cultura. Vamos esperar para conferir o estas promessas daqui a alguns anos. E os fãs têm o dever de cobrar, junto com os músicos é claro.

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A opinião do respeitável público.

Mas, e o público? Qual será a opinião que eles têm sobre o assunto? Será que vale a pena ir atrás de nossas bandas? Será que elas dão atenção ao seu público fiel? As bandas piauienses realmente têm um público assim?

Para responder algumas dessas perguntas conversamos com estas pessoas, que geralmente não têm conhecimento aprofundado de música e não ligam para isso, mas que querem sair à noite e exigem uma música boa para que a diversão esteja garantida, não importa o gênero musical que as bandas tenham, ou se possuem músicas próprias ou cantam cover. Publico é público e eles só querem se divertir.

As opiniões são diferentes, uma boa parte acha que ainda falta muito espaço para nossas bandas se consolidarem, outra parte pensa que o espaço que estas bandas conquistaram já é um avanço, para os padrões piauienses. E mais uma vez nos deparamos com este tal de “padrão piauiense”, que pelo visto não é lá muita coisa já que a maioria das pessoas tem uma intenção negativa (no sentido de que “no Piauí, onde qualquer coisa é boa, isto que se faz de qualquer jeito é ótimo”) quando fala desse tal padrão.

Alguns fãs têm reclamações a fazer, porque os músicos deixaram de atender a seus pedidos. É o exemplo de Luana Lia, estudante de jornalismo. Que se diz fã da banda Validuaté e conta revoltada, um episódio: “No Orkut, tem uma comunidade para eles (a banda) que é só mulher, e nós estávamos combinando de convidá-los a fazer um show só para nós (as moças que estão na comunidade e fazem parte de um fã-clube deles). Mas eles se negaram a fazer! Onde já se viu? Disseram que era inviável. Estou revoltada!”. Apesar do desentendimento, Luana garante que continua sendo fã e acompanhando a banda onde ela for: “Apesar do que eles fizeram com a gente do fã-clube, continuamos gostando do som deles e acompanhando-os onde quer que eles toquem”, conta.

Algumas pessoas disseram que aqui as bandas vivem de moda. “Quando uma banda cai na aceitação do público pronto! Até que enjoem só dá ela, em qualquer lugar que a gente for, não tem jeito. A banda vai estar tocando com aquele mesmo repertório que todo mundo já sabe, naquela mesma ordem que o povo já decorou” afirma Julia Medeiros, estudante de fisioterapia. Ela ainda continua suas críticas dizendo “O problema não é fazer sucesso, claro que isso é mais do que justo quando uma banda é boa mesmo. Mas parece que os músicos se acomodam e não se dão ao trabalho de nem mudar a ordem que vão tocar as músicas. E muitas vezes fazem mais de um show numa noite, eles deveriam dar uma mudada. Por isso que o povo enjoa! Ninguém agüenta passar muito tempo ouvindo a mesma coisa. Isso cansa!”

Mas nós não ouvimos apenas críticas, também ouvimos muitos elogios deste mesmo público que criticou. Eles falam que as bandas do nosso estado são muito boas sim! Tinham tudo pra fazer muito mais sucesso do que muitas que estão na mídia. Muitos afirmaram que hoje em dia dão muito mais valor em ir a um show de um grupo local do que ao de um grupo nacional. O que é sem dúvida, um avanço imensurável, já que o nosso estado tem um preconceito enorme consigo.

 

Concluindo...

Não podemos negar que nossas bandas tocam músicas muito legais, tem uma qualidade muito boa, mas hoje, elas não podem reclamar muito de espaço. Como mostramos, a nossa capital já ganhou muitos espaços culturais, e temos que reconhecer isto! Claro que não é por isso que os músicos devem deixar de reclamar o seu espaço. Quanto mais se pede mais chances tem-se de ganhar, mas ao mesmo tempo, quem pede também é mais cobrado. Então, para merecerem, é preciso de mais ensaios e mais criatividade da parte das bandas também. Não que eles não toquem bem. De forma alguma, a qualidade das bandas só tem crescido. Mas quanto mais se ensaia, melhor fica o trabalho, e mais moral se tem para reclamar as coisas.

Outro avanço foi o fato de os piauienses estarem dando muito mais valor para a sua música. Eles passaram a ir atrás das bandas, acompanhando-as onde forem. E isto é uma forma muito especial de reconhecer o trabalho dos grupos e de chamar a atenção das autoridades. Pois se tem mais gente seguindo as bandas regionais, significa que a qualidade melhorou e elas merecem mais atenção. Por mais que já tenham, mas é preciso preservar as coisas boas que temos.

Isto é um circulo vicioso, para pedir é necessário dar algo em troca. E tanto os músicos quanto as autoridades estão seguindo bem a regra. Se as coisas continuarem como estão, quem mais vai ganhar é o público, que vai ter cada vez mais bandas boas e cada vez mais lugares diferentes para poder se divertir.

 

Por Idria Portela( entrevistas) e Laís Moita (Texto)

Fotos: Jairo Filipe

segunda-feira, 19 de maio de 2008

E que Situação!!!

Sábado 17/05/08

São 9 da manhã e estou no meu primeiro ponto de ônibus do dia, meu destino, UESP.
Enquanto aguardo pacientemente meu carro outras pessoas não esperam e voltam para suas casas sérias e gritantes. Meu carro, Rodoviária Circular, desponta exatamente as nove e trinta e cinco, ou seja, me atrasaria para o compromisso marcado para as dez. O carro vem incrivelmente lotado e durante quase um minuto e meio fico com as costas apoiadas na parte interna da porta sem poder mover ao menos a cabeça e com dificuldade para respirar, mas isso, não me impede ver uma rede de escolas públicas que expõem um cartaz que anuncia greve de seus funcionários por tempo indeterminado o que me faz lembrar de duas notícias que vi no início do dia: uma que fala, sobre a greve no dia anterior de médicos da rede municipal e outra que anuncia uma possível greve da Agespisa para o dia 21 desse mês. Depois de um bom tempo próximo à elevada temperatura do motor do carro, consigo passar pela roleta e fico próximo ao cobrador observando um diálogo entre esse e um senhor que entra depois.
-Senhor: rapaz, e essa greve?
-Cobrador: pois é, estamos atrás de nossos direitos. Só isso.
-S: quanto estão pedindo mesmo?
-C: queremos um reajuste de 8% no salário, e 12% nos extras. Quer saber mais, não temos quase direito a nada, nem férias, nem feriados e, pra você ter uma idéia, nosso plano de saúde saiu agora.
-S: é um problema. E em casos de batida quem paga pelo prejuízo?
-C: é o motorista, principalmente quando fica comprovado que é ele o responsável.
-S: em casos de roubo também?
-C: ás vezes, se o dinheiro está guardado no cofre (caixa preta próximo aos pés do cobrador) ele não paga, mas, caso contrário, sim. O pior é a empresa Asa Branca, que o cobrador paga de qualquer jeito.
Depois disso tive que me afastar para dar espaço aos outros e perdi o foco da conversa.
Mais adiante duas mulheres protestantes conversavam enquanto pregavam a palavra. Uma delas disse: “não cobiçais o que é alheio”, más, só pude perceber que se tratava de alguém - acho que o vizinho-, o certo é que de tanto falarem dos outros sua parada ficou para trás e aí os passageiros, em coro, berraram ( seu p....., espera aí motorista de m....).
Exatamente as 10 e 40 cheguei em minha parada (quarenta e dois minutos atrasado).
Entrevistei a professora Lisete Napoleão num dos bancos da UESP, e a primeira coisa que avistei foi outro cartaz de greve. Esse pedia aumento de salário para os docentes da instituição e melhorias na estrutura da Universidade.
Terminada a entrevista, esperei uns quinze minutos até pegar um ônibus com destinos estranhos. Ia para a Vila Bandeirante/ SETUT/Frei Serafim, mas meu interesse era a João XIII. Chegando lá, mais uma vez no ponto de ônibus, tive que esperar uma hora até meu novo carro passar. Observo diversos carros com destinos diferentes, eles seguiam desde Satélite até locais desconhecidos, outros iam para municípios longe daqui. Só vinte e cinco minutos depois chego em casa.....

Mais Tarde.....
Novamente num ponto de ônibus, espero um novo carro para um compromisso para as quatro da tarde no Riverside Shopping. Por sorte consigo uma carona e chego sem dificuldades.
Encerrado minhas tarefas, às oito e meia da noite, me dirijo ao ponto de ônibus em frente ao mesmo e espero um novo carro com destino para casa. Percebo as pessoas impacientes, algumas falam ao celular, outras conversam com amigos e namorados e, com rapidez, elas começam a ir para suas casas. Vão de carona, de táxi, moto táxi, pois os ônibus pararam de funcionar à uma hora e meia atrás ao ponto de ficarem umas quatro pessoas comigo. Uma delas, Dona Marta, aguarda o marido, e eu com quem não quer nada pergunto:
- Diego: dona marta o que acha dessa paralisação dos ônibus?
-Marta: eles são uns filhos da p......, uns m....., que não querem é trabalhar, e quem se f..... somos nós. Seu marido chega e eu sobro na parada.
Com isso desligo meu gravador, meu senso de observação, e começo a andar, andar, andar....., e então percebo que só assim vou chegar em casa.



sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ter um livro, plantar um filho e fazer uma árvore.


“E no resquicio da noite, vem a mim as atribulações de um dia inodor, incolor e insipido onde as metáforas equinociais ecoam na turbulência da sã (mas talvez nem tanto), grande panela das idéias, que me fazem ir e vir, nessa inconstância passional e miraculosamente refém da grande bomba pulsante, onde infinitas são as possibilidades, mesmo que de coerentes nada tenham, onde os barulhos e tiques sempre me incomodam e que forçadamente tentam me mostrar o que ninguém deveria ouvir, quase tudo é vago e exasperadamente sem sentido, sempre fazendo com que o cavaleiro do cavalo imaculado saia troteando, e com a rispidez de um corisco aritmético esbarre nas divergências dos caracteres piegas e hipócritas da imensidão desse miscroscópico espaço de tempo que é a vida”. (era pra ter sentido?)

Ter um livro...

Plantar um filho...

Fazer uma árvore...

P.S. ou paro minhas confabulações etílicas, ou desisto dessa idéia de escrever...
(ilustração: Jota-A)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

E vocês ainda estão lá.

Igor Prado: Hoje bem se sabe, e felizmente, que parte nata do papel de um jornalista é duvidar. Nesse quesito resta tanto ao profissional, ao amador e ao amante da profissão levantar nos fatos óbvios, brechas, fendas, ângulos ou infindáveis pontos de vistas e réplicas que tragam acréscimo ao fator notícia, e (quem dera sempre) consequentemente ao leitor. Fim da aula básica de jornalismo leigo. Ponto.
Diria o rato de redação, e até mesmo o catedrático: “Se não é noticiado, não existe”. Difícil duvidar do que não existe. Mas se o assunto inexistente é algo que nos identifica, ou que nos expressa (CULTURA, vide dicionário Aurélio), o assunto nos aparece aos olhos como alvo-fácil. Como um criminoso que em frente ao fim da fuga de um flagra se aproxima com os braços aos céus e um sorriso podre amarelado. Assim aparece a constatação do quão relapsa - pra não dizer esforçada em esquecer - é a sociedade em passar pra trás seus conceitos, suas fontes e origens.

Mesmo quando, no que é privilégio e assim deveria ser considerado, as fontes e origens continuam ali, vivas

Luana Lia: Vivas. No sentido literal da palavra.
Uma moeda de dois lados e uma só face. Duas Caras, que possuem igual valor humano. Dois homens, origens parecidas, conquistas diferentes. Um com mais, e outro com menos Coroa.
Saberão aqui, no virtual, os resquícios da memória de uma história que não está nem ao menos em papel - seja de jornal ou revista, atual ou de outrora - mas que ainda conserva seu valor e ajuda a construir a imagem do trecho quase que despercebido do centro da cidade como sendo também cenário folclórico de Teresina - no mais presente que isso possa significar.






Luana e Igor: Em breve, aqui.

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CORTA.

[off]Luana: Acha que as pessoas vão querer ler isso?
[off]Igor: É pra isso que as pagamos.
[off]Luana: Não vi graça.


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[Foto: Maurício Pokemon]

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Arte e Sociedade

Arte e cultura são elementos presentes em todos os níveis e tempos de uma sociedade; a exemplo, as primeiras estruturas sociais que se formaram na Pré-História se valiam das artes para representar momentos de sua vida. Eram representações do seu cotidiano, de seus costumes religiosos e de suas relações nessa comunidade em formação. Essa mesma Arte pode ser entendida a partir da evolução dessas mesmas estruturas sociais quando acompanham sua evolução e se classificam, em estilos, de acordo com períodos marcados por características específicas ou décadas. Nesse sentido a Arte, mais precisamente o “artesanato” (Todo trabalho manual de confecção de produtos onde mais de 80% da peça foi fruto da transformação da matéria prima pelo Homem) marcou o surgimento e desenvolvimento do Bairro Poti Velho em Teresina. Assim como em tempos remotos, essa arte refletiu, e ainda reflete as relações sociais e culturais existentes no meio onde se desenvolve o artesanato.


Surgimento, Produção e Desenvolvimento.

Falar em artesanato em Teresina nos remete ao surgimento do bairro Poti Velho, antes conhecido como barra do Poti a partir de 1832 foi elevada à categoria de vila. Essa vila já registrava nesse período um elevado crescimento populacional se transformando num dos maiores centros comerciais da região tendo nas peças artesanais um dos produtos desse comércio. Essa produção se iniciou quando da vinda dos primeiros moradores, especialmente do maranhão, que trouxeram as técnicas de produção necessárias para se desenvolver essa arte em Teresina. Com uma crescente produção desse trabalho artesanal, que servia como meio de se ganhar a vida de um grupo ainda restrito de pessoas em uma tão jovem e pequena vila, esse tipo de Arte foi se desenvolvendo e outras pessoas passaram a produzir as peças para garantir seus sustentos.

Durante muito tempo essa atividade ficou ao esquecimento da grande maioria da população. O trabalho Artesanal era feito nas residências dos próprios moradores que utilizaram a matéria prima, em especial a argila extraída na própria região e areia.

As casas eram feitas de barro e coberta com palha e no interior dessas residências tinha o torno que é um dos instrumentos de trabalho e o forno utilizado para ferver as peças, os moradores eram responsáveis pela confecção das peças assim como sua comercialização.

Segundo Raimunda Teixeira da Silva, presidente da cooperativa de artesanato do Poti velho (Cooperart Poti), a principal causa para o fortalecimento desses trabalhos, no sentido de se criar uma identidade cultural na confecção das peças, partiu dos próprios moradores da região quando viram a necessidade de uma Organização do Grupo. Posteriormente buscaram alternativas para expansão da produção das peças como apoio governamental. Raimundinha, como é conhecida, e que também é artesã, diz que o trabalho é dividido em 27 lojas de produção, onde são divididos em lojas de comercialização e o setor de produção de maior parte familiar, além disso, existe a associação que atende as 27 lojas do pólo, gerando empregos indiretos e renda para essas famílias. “O trabalho, de certa forma, é individual. Cada artesão é responsável pela sua produção, compra de matéria prima e comercialização”. “A associação dá o apoio em termo de organização do grupo, realização de capacitação”, frisou Raimundinha.

Um outro fator que contribuiu para o desenvolvimento da produção foi às diversas parcerias entre a associação dos artesãos do Poti Velho e o centro de capacitação (centro de aperfeiçoamento e produção de peças) com os órgãos governamentais como governo do Estado e Prefeitura, assim como centros de apoio à produção artesanal no Piauí como o Prodart (programa de artesanato no Piauí) e o Sebrae-PI (Serviço de apoio à micro e pequenas empresas do Piauí) e a fundação Banco do Brasil, além da criação de uma estação digital que vai oferecer mini-cursos e servirá de fonte de pesquisa para a própria comunidade beneficiando não só o artesão como a comunidade em geral.

Peças, comercialização e divulgação.

Ainda segundo Raimunda Teixeira a comercialização é feita no próprio pólo de produção e nas feiras dentro e fora do estado. “No pólo de produção temos a associação e a cooperativa, a associação envolve as 27 lojas do pólo e a cooperativa com o grupo de mulheres, nas feiras a associação colhe o material e quem tem peças disponíveis e o grupo de pessoas que vai fazer a divulgação. Já a cooperativa comercializa todas as peças numa só loja aqui no próprio espaço, quando tem as feiras o espaço é dividido igualmente para cada cooperada”. “Em feiras como a Mostra Casa Piauí Design, que é uma maneira que nós temos para divulgar os novos trabalhos, que são 10 dias de feira, fazemos uma escala das pessoas que vão ficar responsável pela divulgação do produto. Em feiras fora do estado escolhemos a melhor pessoa que tenha afinidades com vendas para oferecer os produtos”, disse Raimundinha.

A produção artesanal que no início se resumia à confecção de potes e vasos hoje é voltada para a busca de uma identidade local. Hoje, além da argila como matéria-prima, é utilizada a madeira, fibra, argila branca, instrumentos de alumínio na confecção de bijuterias, sendo que toda essa matéria-prima é extraída na própria região. A divulgação das peças, na maioria das vezes, fica por conta dos próprios artesãos. Quando surge a oportunidade de levar esse material para fora do estado à ajuda que conseguem é o transporte que facilita a locomoção das peças.

A busca pela identidade cultural das peças no trabalho de produção é incentivada pelas feiras, a exemplo da Mostra Casa Piauí Design. “A casa Piauí Design deu essa integração entre artesão e arquiteto, com isso agente consegue desenvolver um produto novo porque a cada ano o Sebrae escolhe um tema que dá para o arquiteto trabalhar com uma associação ou cooperativa. Com isso cria-se uma linha de produtos com a cara da região”, disse Raimundinha. Os diversos pólos de produção ajudam nessa divulgação, como o centro de capacitação e tecelagem no bairro Dirceu I. Lá, como no bairro Poti Velho, são desenvolvidos trabalhos artesanais com renda e costura e a divulgação, salvo em período de feiras, fica ao cargo dos próprios produtores.


quinta-feira, 8 de maio de 2008

Banda Karranka lançará primeiro CD

Formada em dezembro de 2004, a banda que é genuinamente piauiense destacou – se pelas melodias suaves do reggae e composições próprias. Sucessos como “Daqui pra frente”, “Inverso” e “Sara-me” fizeram com que o Karranka tocasse em várias rádios do Piauí, mostrando o verdadeiro som do reggae local.
Antes de entrarem na banda, os quatro componentes já tinham seus trabalhos independentes e a música já fazia parte de suas vidas. O vocalista Danilo Rego, por exemplo, havia saído da banda Acesso e decidiu investir no projeto, formando assim a banda karranka. A primeira formação contou com o contra – baixista Diego Montalvão (hoje substituído por Igor Melo), o tecladista Edílson Sousa, o “batera” Alan Araújo e a voz inconfundível de Danilo.
A banda tem como foco o Pop Reggae, porém recebeu influencias do Rock’n’roll e Blues (dois de seus integrantes juntos tiveram um projeto paralelo com o Blues).
Apesar dos quase quatro anos de estrada, o primeiro CD está previsto para ser finalizado no dia 15 deste mês. Porém o lançamento acontecerá em Junho deste ano, pois os garotos estão com a agenda de shows lotada.

Matéria: Idria Portela

Algumas de suas musicas estão disponíveis nos sites:

http://www.myspace.com/karranka
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=14826

Confira o som da banda em uma apresentação no Espaço Cultural Trilhos:




CAIXA DE MARIMBONDOS

HIP HOP, Cultura e Cidadania


A Cultura HIP HOP surgiu como uma forma de reação aos conflitos sociais e à violência. Essa cultura tem como idéia básica a disputa com criatividade e não com armas. Como um bom admirador e/ou adepto desta cultura sabe, são quatro os pilares em que ela se sustenta: Mcs, cantam e fazem as letras dos raps; Djs, criam ritmos e os scratches; Grafite, artes plásticas nas ruas e o breakdance, dança executada pelos b-boys e as b-girls. Mas procurando conhecer um pouco mais dessa cultura, procurei o Centro de Referência da Cultura HIP HOP (CRCH2) localizado no Parque-Piauí, bairro da Zona Sul de Teresina. Lá conversei com a coordenadora de oficinas, Gilvania, mais conhecida como "Preta Gil". Foi atrvés dela que descobri que o Hip Hop não é só música, danças, grafite; mas que possui toda uma questão ideológica e também social. No centro de Referência da Cultura HIP HOP, eles oferecem pré-vestibular, aulas de informática, tranças afro, grafite e outros, para a população carente de Teresina. Gilvânia diz que o objetivo deles é ocupar os jovens com atividades que podem acabar por virar uma profissão para eles. "Nós procuramos reeducá-los através das atividades, palestras, ajudando na formação pessoal deles.", afirma Gilvania. Por terem um estilo de vida diferente, a chegada do grupo ao Bairro Parque-Piauí, não foi bem vista por alguns moradores do bairro. É o velho preconceito reinante a tudo o que é diferente. Conversei com um vizinho do CRCH2, o senhor José Matos, e ele disse que não ficou feliz com a chegada deles, porque pensava que eram marginais, um bando de desocupados. Perguntei pra ele se gostaria de ir visitar o centro, ele disse que não e falou também que já tinha mudado de opinião, pois com o tempo passou a conhecer o trabalho ali realizado. "Minha filha gosta de ir pra lá vê internet, e já sei que eles fazem é ocupar os jovens.Qualquer dia eu vou lá.", foi o que disse José Matos. Fica provado aqui que devemos repúdiar é, à falta de informação que nos leva pelos caminhos do preconceito. Fernado Luís é um jovem rapper do CRCH2, que diz sentir-se muito bem lá no CRCH2 porque além de receber ajuda com cursos, ele recebe ajuda moral e com o desenvolvimento dos grupos de breakdance e de rap. O Centro de Referências da Cultura HIP HOP, é o melhor lugar aqui em Teresina para se ter um contato mais profundo com esse estilo de vida e quebrar com todo preconceito. O Hip Hop não faz acepção de pessoas, prova disso é o nosso fotógrafo "franzino" Maurício, que além de skatista é bem conhecido no CRCH2.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Verde, amarelo, vermelho. Ação.

Teresina. Terça feira. 10 da manhã. Sol a pino no cruzamento das avenidas Homero Castelo Branco e Dom Severino, zona leste de Teresina, onde eu e Maurício vamos entrevistar o primeiro anônimo célebre deste blog, que na verdade nem é tão anônimo assim. Seu nome é John Felipe Dias Rodrigues, mas ele só vai se você chamar pelo segundo nome. Felipe estava jogando o que depois descobriríamos ser um ioiô chinês, comprado por ele através da internet. O mundo virtual é tudo mesmo, hein? Mas sim, voltando…



Felipe tem 19 anos e, quando a gente se apresenta interessados em passar a manhã acompanhando de perto seu trabalho – que ele denomina ‘arte de rua’- Felipe parece achar muito normal. Explico pra ele então, com um certo quê de ironia, confesso, que meu plano é transformá-lo em uma celebridade em nosso novo e recém-surgido blog. Mas ele, olhando para o chão e fazendo uma expressão de quem não demonstra nenhum interesse por aquilo, mas ao mesmo tempo achando tudo muito interessante, – que não é lá uma expressão muito fácil de se fazer, mas Felipe consegue com proeza – solta: ‘Eu já sou. Quase todo dia vem gata da Federal, da Camilo Filho, da Facid, de num sei mais onde, querendo falar comigo sobre isso também.’
E a gente achando que ia ser original, imagina.

E, Maurício, apesar do cabelo comprido e loiro, pode tirar o cavalo da chuva: o ‘gata’ era pra mim.
Mas bem. Felipe faz malabarismo e outras atividades circenses no semáforo há 2 anos. Pouco tempo pra quem demonstra ter tanta habilidade com a coisa. Acontece que ele faz parte da Escola Zoin de Circo há 6 anos, e isso, até então, eu não sabia. Essa escola – pesquisei depois- foi criada em 1996, pelo piauiense Frank Mamu com o intuito de apresentar aos jovens a curiosidade de ter uma nova experiência. O Circo funciona todas as manhãs, e é por isso que Felipe prefere ir para o semáforo à tarde. Eu e Maurício nos entreolhamos: tivemos sorte.

O dia-a-dia é puxado. Natural de Teresina, Felipe já mora em Timon há 10 anos. Todo dia vem de ônibus até aqui, procurar trânsito cheio. Ele diz que fatura em média 30 reais por dia. E essa média aumenta, como um presente dos reis magos, na época de Natal, quando já chegou a ganhar 50 reais de uma senhora. Diz precisar desse dinheiro pra sustentar a filha pequena de 2 anos. “Cada pessoa me dá por volta de 1 real, 50 centavos. Às vezes mais. Às vezes nada. Às vezes aplausos. Mas aplausos também servem.” Como qualquer artista, ele demonstra gostar do reconhecimento do público. Daquele público diferente, passageiro, inusitado, e constantemente com pressa, fechado em seus veículos. Muitos fecham as janelas do carro quando Felipe se aproxima pra pedir o trocado. ‘O pessoal confunde artista com marginal.’ Ele se revolta. A gente também. Mas nada tira a disposição da nossa celebridade do dia. Felipe disse que o tempo que dedica àquele trabalho varia de acordo com a sua energia. Faz porque precisa. Mas se diverte muito mais do que trabalha. Às vezes, entra pela noite, matando aula em uma escola pública municipal de Timon, onde cursa ainda o 1º ano do Ensino Médio. “É que acontece que a 5ª série foi meu ano preferido. Repeti 3 vezes!”, brinca. Mas é à noite então que o espetáculo passa a ser fascinante: Felipe faz malabares com fogo. E já perdeu a conta de quantas queimaduras tem no corpo em função dos treinos. “Já derrubei também o ioiô em cima de uns 2 carros. Mas as pessoas nunca dizem nada não.” Afinal, acidentes acontecem, meu chapa.

“E aeee, chegado!”. Um rapaz passa em um carro e grita. Ao que Felipe responde “Faaala, corno!”. Isso se repete mais umas 4 vezes durante a manhã, provando que Felipe já é de fato uma celebridade naquele ponto da cidade. E como qualquer outra celebridade que se preze, não se sente por baixo: “Tudo que você imaginar de arte circense, eu faço. Não é querendo me sentir não, mas eu vivo disso. Me acho talentoso sim. Poucas pessoas conseguem fazer o que eu faço”. Lá por umas tantas, revela: sonha em entrar pro Cirque de Soleil. Companhia circense canadense, conhecida como maior do mundo. Coisinha à toa, sabe. Cujos espetáculos, Felipe já teve a oportunidade de assistir 2, ao vivo. ‘Saltimbancos’ e ‘Alegria’. Em São Paulo e Brasília, respectivamente – enche o peito pra falar – Isso, graças a uma contemplação da rede Circo do Mundo, como ele mesmo nos conta, que todo ano escolhe algumas escolas de circo para irem as apresentações. “Pagam passagem, hospedagem, tudo.” Mas, voltemos ao sonho: “Tô indo para o Beto Carreiro no fim do ano. Já é um pontapé.” Eu sorrio, lembrando que o cara já até morreu – desculpem, humor negro incontrolável – mas ele logo completa: “Vou começar por baixo, como tudo na vida.”


11 horas. O calor aumenta. Felipe comenta já estar com fome. Eu pergunto se ele vai em casa para o almoço, e ele diz que geralmente come nos restaurantes próximos ao cruzamento mesmo. Eu penso na filha dele. Ele também deve ter pensado. Não sei. Hesito em perguntar a respeito da mãe. Fico imaginando um jovem, desses que ainda acredita no fascínio do circo como solução para muito de seus problemas, cuidando de um bebê. Paro, penso. Resolvo perguntar. Que planos tem para o futuro da filha e para seu próprio futuro também, afinal. Felipe me olha com cara de quem acabou de dá a resposta que eu precisava. Quer ir para o Cirque de Soleil, será que eu não tô entendendo? Para a filha, diz que deseja liberdade, como a que seus pais sempre deram a ele, de escolher o que fazer da vida. E diz mais: vai ensinar tudo que aprendeu na escola de circo para a filha. Aliás, já está ensinando. Treina com ela contorcionismo. “Ao menos ela viaja de graça, na minha bagagem! Indo comigo pra onde quer que eu for.”
Dou sinal verde para o Maurício fazer as fotos. Entretanto, é do vermelho que Felipe precisa. 3, 2, 1. E lá vai ele para a faixa de pedestre, em seus 30 segundos de arte, desejando que o mundo vire um picadeiro.
E nós aplaudimos ali, de pé.

Foto: Maurício Pokemon