quarta-feira, 21 de maio de 2008

Enquanto o ônibus não vem...

Eu me pego aqui, na parada, pensando. Ou nisso, que chamamos com certo descuido de parada ou ponto de ônibus. Tanto faz. Algumas têm uma plaquinha indicando. Outras, nem isso. Nessas da Avenida Frei Serafim, na qual me encontro, veja só, arrancaram todas as paradas bem estruturadas com banquinhos e teto de concreto que, embora tenham andado caindo e provocando acidentes um tempo, ainda eram bem melhor do que esses, hm, o que seria isso mesmo? Corrimão. Corrimão? É, foi o mais parecido que encontrei pra definir isso aqui. Não sei se sento, se me encosto. Não dá nem pra apoiar os cadernos enquanto pego o passe-verde. Enfim, as antigas paradas eram melhores que isso. Ao menos protegiam do sol. Ou chuva forte. Porque aqui nessa cidade, faça-me o favor. Quando não está caindo chuva até alagar e desabrigar um monte de famílias, está fazendo aquele sol de 39 graus, obrigando o povo aqui da parada a formar fila organizada na sombra de um poste ou de um orelhão. Enquanto o ônibus não vem, obviamente. Ou enquanto ele vem, lotado, explodindo, caindo gente pela janela, e o motorista passa direto deixando você de otário, fazendo sinal de carona. Eu só queria entender por que, nesses chamados ‘horário de pico’, a frota de ônibus não é, no mínimo, triplicada. É gente demais, colega. Todos como eu, agora, apressados, cansados, com fome, e suando. Fazendo aqueles movimentos rotineiros, que parecem já estar programados. Sem ao menos cumprimentar seus companheiros de viagem, que por um instante parecem invisíveis. Dividindo aquele espaço pequeno, numa intimidade que chega a constranger. De pé, uma vez que as cadeiras já estão todas ocupadas. Esbarrando-se pelo menos no momento de uma freada brusca que o motorista, apressado em completar seu percurso, dá. Incluindo idosos, gestantes e deficientes físicos. Porque as cadeiras da frente, preferencialmente reservadas a esse público, quase sempre são ocupadas por outros. E eu fico indignada com a falta de solidariedade de alguns, que não oferecem lugar para vovós, nem tampouco se oferecem para segurar sacolas ou cadernos de quem vem quase caindo naquele empurra-empurra. Porque gentileza, teoricamente, gera gentileza. Às vezes me dá vontade de ir pra casa caminhando mesmo, sabe. Às vezes quase sempre. Quando estou bem aqui esperando o busão, que, apesar de tudo, ainda é necessário. Mesmo com tanta demora. Mesmo com tantos transtornos. Mesmo com essas greves, infundadas, a meu ver. Mesmo tendo que ouvir a dança créu na estação do rádio escolhida pelo motorista, enquanto o cobrador ensaia pequenos passos discretos da dança em sua função de receber a passagem. Aliás, ia diminuir, né? Quero dizer, o preço da passagem. Os estudantes protestaram, ficou para maio, e até agora, nem a sombra de redução. Só de greve mesmo, que felizmente, acabou. De todo modo, ia reduzir só aos fins de semana, exatamente quando não tenho aula e só de pensar na demora dos ônibus dá preguiça de sair de casa. Tudo beleza. Opa, meu ônibus.


Foto: Jairo Moura

8 comentários:

Susyanne Oliveira disse...

Os ônibus també me estressam muito.
Principalmenet quando os perco.
Um dia desses um motorista incompetente fingiu não ver que eu já estava no ponto e fingiu não ouvir as batidas do meu guarda-chuva no ônibus, e simplesmente saiu em disparada me deixando com cara de sei lá o quê!
Enfim...

Jairo Moura disse...

"Ah Luana, pensei que tu fosse mais descolada com relação a onibus e talz" hahahhaa
muito bom o texto....gostoso de se ler, parabéns!!!

Luana Sena disse...

Alguém justifica meu textoooo :~~~
HAHAHA.

Anônimo disse...

Em imaginar que eu passo por isso quase todo dia com o digno 401 :\

Lais disse...

parabens lully!
muito, muito legal mesmo o texto!!
=)
=**

Luana Sena disse...

Gente, aguardem! A continuação da matéria passada virá em breve! ;D

Nonato Costa disse...

essa vida de andar de ônibus está se findando...

p.s. mandei ajeitar minha bicicleta.. kkkkkkkk


bom texto!!

Anônimo disse...

Estamos esperando, então o/