segunda-feira, 12 de maio de 2008

Arte e Sociedade

Arte e cultura são elementos presentes em todos os níveis e tempos de uma sociedade; a exemplo, as primeiras estruturas sociais que se formaram na Pré-História se valiam das artes para representar momentos de sua vida. Eram representações do seu cotidiano, de seus costumes religiosos e de suas relações nessa comunidade em formação. Essa mesma Arte pode ser entendida a partir da evolução dessas mesmas estruturas sociais quando acompanham sua evolução e se classificam, em estilos, de acordo com períodos marcados por características específicas ou décadas. Nesse sentido a Arte, mais precisamente o “artesanato” (Todo trabalho manual de confecção de produtos onde mais de 80% da peça foi fruto da transformação da matéria prima pelo Homem) marcou o surgimento e desenvolvimento do Bairro Poti Velho em Teresina. Assim como em tempos remotos, essa arte refletiu, e ainda reflete as relações sociais e culturais existentes no meio onde se desenvolve o artesanato.


Surgimento, Produção e Desenvolvimento.

Falar em artesanato em Teresina nos remete ao surgimento do bairro Poti Velho, antes conhecido como barra do Poti a partir de 1832 foi elevada à categoria de vila. Essa vila já registrava nesse período um elevado crescimento populacional se transformando num dos maiores centros comerciais da região tendo nas peças artesanais um dos produtos desse comércio. Essa produção se iniciou quando da vinda dos primeiros moradores, especialmente do maranhão, que trouxeram as técnicas de produção necessárias para se desenvolver essa arte em Teresina. Com uma crescente produção desse trabalho artesanal, que servia como meio de se ganhar a vida de um grupo ainda restrito de pessoas em uma tão jovem e pequena vila, esse tipo de Arte foi se desenvolvendo e outras pessoas passaram a produzir as peças para garantir seus sustentos.

Durante muito tempo essa atividade ficou ao esquecimento da grande maioria da população. O trabalho Artesanal era feito nas residências dos próprios moradores que utilizaram a matéria prima, em especial a argila extraída na própria região e areia.

As casas eram feitas de barro e coberta com palha e no interior dessas residências tinha o torno que é um dos instrumentos de trabalho e o forno utilizado para ferver as peças, os moradores eram responsáveis pela confecção das peças assim como sua comercialização.

Segundo Raimunda Teixeira da Silva, presidente da cooperativa de artesanato do Poti velho (Cooperart Poti), a principal causa para o fortalecimento desses trabalhos, no sentido de se criar uma identidade cultural na confecção das peças, partiu dos próprios moradores da região quando viram a necessidade de uma Organização do Grupo. Posteriormente buscaram alternativas para expansão da produção das peças como apoio governamental. Raimundinha, como é conhecida, e que também é artesã, diz que o trabalho é dividido em 27 lojas de produção, onde são divididos em lojas de comercialização e o setor de produção de maior parte familiar, além disso, existe a associação que atende as 27 lojas do pólo, gerando empregos indiretos e renda para essas famílias. “O trabalho, de certa forma, é individual. Cada artesão é responsável pela sua produção, compra de matéria prima e comercialização”. “A associação dá o apoio em termo de organização do grupo, realização de capacitação”, frisou Raimundinha.

Um outro fator que contribuiu para o desenvolvimento da produção foi às diversas parcerias entre a associação dos artesãos do Poti Velho e o centro de capacitação (centro de aperfeiçoamento e produção de peças) com os órgãos governamentais como governo do Estado e Prefeitura, assim como centros de apoio à produção artesanal no Piauí como o Prodart (programa de artesanato no Piauí) e o Sebrae-PI (Serviço de apoio à micro e pequenas empresas do Piauí) e a fundação Banco do Brasil, além da criação de uma estação digital que vai oferecer mini-cursos e servirá de fonte de pesquisa para a própria comunidade beneficiando não só o artesão como a comunidade em geral.

Peças, comercialização e divulgação.

Ainda segundo Raimunda Teixeira a comercialização é feita no próprio pólo de produção e nas feiras dentro e fora do estado. “No pólo de produção temos a associação e a cooperativa, a associação envolve as 27 lojas do pólo e a cooperativa com o grupo de mulheres, nas feiras a associação colhe o material e quem tem peças disponíveis e o grupo de pessoas que vai fazer a divulgação. Já a cooperativa comercializa todas as peças numa só loja aqui no próprio espaço, quando tem as feiras o espaço é dividido igualmente para cada cooperada”. “Em feiras como a Mostra Casa Piauí Design, que é uma maneira que nós temos para divulgar os novos trabalhos, que são 10 dias de feira, fazemos uma escala das pessoas que vão ficar responsável pela divulgação do produto. Em feiras fora do estado escolhemos a melhor pessoa que tenha afinidades com vendas para oferecer os produtos”, disse Raimundinha.

A produção artesanal que no início se resumia à confecção de potes e vasos hoje é voltada para a busca de uma identidade local. Hoje, além da argila como matéria-prima, é utilizada a madeira, fibra, argila branca, instrumentos de alumínio na confecção de bijuterias, sendo que toda essa matéria-prima é extraída na própria região. A divulgação das peças, na maioria das vezes, fica por conta dos próprios artesãos. Quando surge a oportunidade de levar esse material para fora do estado à ajuda que conseguem é o transporte que facilita a locomoção das peças.

A busca pela identidade cultural das peças no trabalho de produção é incentivada pelas feiras, a exemplo da Mostra Casa Piauí Design. “A casa Piauí Design deu essa integração entre artesão e arquiteto, com isso agente consegue desenvolver um produto novo porque a cada ano o Sebrae escolhe um tema que dá para o arquiteto trabalhar com uma associação ou cooperativa. Com isso cria-se uma linha de produtos com a cara da região”, disse Raimundinha. Os diversos pólos de produção ajudam nessa divulgação, como o centro de capacitação e tecelagem no bairro Dirceu I. Lá, como no bairro Poti Velho, são desenvolvidos trabalhos artesanais com renda e costura e a divulgação, salvo em período de feiras, fica ao cargo dos próprios produtores.


3 comentários:

Juca disse...

É isso aêeee!!! Parabéns pela matéria e parabéns pelas fotos, Marco. Muito boas!

J.Jr.

Luana Sena disse...

Matéria riquíssima, Dieguinho. Parabéns!
E, lindas fotos, Marco ;]

Anônimo disse...

Gostei muito! Parabéns diego :)
Tá completa e interessante...

Vida longa ao blog, marimbondos!