
Felipe tem 19 anos e, quando a gente se apresenta interessados em passar a manhã acompanhando de perto seu trabalho – que ele denomina ‘arte de rua’- Felipe parece achar muito normal. Explico pra ele então, com um certo quê de ironia, confesso, que meu plano é transformá-lo em uma celebridade em nosso novo e recém-surgido blog. Mas ele, olhando para o chão e fazendo uma expressão de quem não demonstra nenhum interesse por aquilo, mas ao mesmo tempo achando tudo muito interessante, – que não é lá uma expressão muito fácil de se fazer, mas Felipe consegue com proeza – solta: ‘Eu já sou. Quase todo dia vem gata da Federal, da Camilo Filho, da Facid, de num sei mais onde, querendo falar comigo sobre isso também.’
E a gente achando que ia ser original, imagina.
E, Maurício, apesar do cabelo comprido e loiro, pode tirar o cavalo da chuva: o ‘gata’ era pra mim.
Mas bem. Felipe faz malabarismo e outras atividades circenses no semáforo há 2 anos. Pouco tempo pra quem demonstra ter tanta habilidade com a coisa. Acontece que ele faz parte da Escola Zoin de Circo há 6 anos, e isso, até então, eu não sabia. Essa escola – pesquisei depois- foi criada em 1996, pelo piauiense Frank Mamu com o intuito de apresentar aos jovens a curiosidade de ter uma nova experiência. O Circo funciona todas as manhãs, e é por isso que Felipe prefere ir para o semáforo à tarde. Eu e Maurício nos entreolhamos: tivemos sorte.
E a gente achando que ia ser original, imagina.
E, Maurício, apesar do cabelo comprido e loiro, pode tirar o cavalo da chuva: o ‘gata’ era pra mim.
Mas bem. Felipe faz malabarismo e outras atividades circenses no semáforo há 2 anos. Pouco tempo pra quem demonstra ter tanta habilidade com a coisa. Acontece que ele faz parte da Escola Zoin de Circo há 6 anos, e isso, até então, eu não sabia. Essa escola – pesquisei depois- foi criada em 1996, pelo piauiense Frank Mamu com o intuito de apresentar aos jovens a curiosidade de ter uma nova experiência. O Circo funciona todas as manhãs, e é por isso que Felipe prefere ir para o semáforo à tarde. Eu e Maurício nos entreolhamos: tivemos sorte.
O dia-a-dia é puxado. Natural de Teresina, Felipe já mora em Timon há 10 anos. Todo dia vem de ônibus até aqui, procurar trânsito cheio. Ele diz que fatura em média 30 reais por dia. E essa média aumenta, como um presente dos reis magos, na época de Natal, quando já chegou a ganhar 50 reais de uma senhora. Diz precisar desse dinheiro pra sustentar a filha pequena de 2 anos. “Cada pessoa me dá por volta de 1 real, 50 centavos. Às vezes mais. Às vezes nada. Às vezes aplausos. Mas aplausos também servem.” Como qualquer artista, ele demonstra gostar do reconhecimento do público. Daquele público diferente, passageiro, inusitado, e constantemente com pressa, fechado em seus veículos. Muitos fecham as janelas do carro quando Felipe se aproxima pra pedir o trocado. ‘O pessoal confunde artista com marginal.’ Ele se revolta. A gente também. Mas nada tira a disposição da nossa celebridade do dia. Felipe disse que o tempo que dedica àquele trabalho varia de acordo com a sua energia. Faz porque precisa. Mas se diverte muito mais do que trabalha. Às vezes, entra pela noite, matando aula em uma escola pública municipal de Timon, onde cursa ainda o 1º ano do Ensino Médio. “É que acontece que a 5ª série foi meu ano preferido. Repeti 3 vezes!”, brinca. Mas é à noite então que o espetáculo passa a ser fascinante: Felipe faz malabares com fogo. E já perdeu a conta de quantas queimaduras tem no corpo em função dos treinos. “Já derrubei também o ioiô em cima de uns 2 carros. Mas as pessoas nunca dizem nada não.” Afinal, acidentes acontecem, meu chapa.
“E aeee, chegado!”. Um rapaz passa em um carro e grita. Ao que Felipe responde “Faaala, corno!”. Isso se repete mais umas 4 vezes durante a manhã, provando que Felipe já é de fato uma celebridade naquele ponto da cidade. E como qualquer outra celebridade que se preze, não se sente por baixo: “Tudo que você imaginar de arte circense, eu faço. Não é querendo me sentir não, mas eu vivo disso. Me acho talentoso sim. Poucas pessoas conseguem fazer o que eu faço”. Lá por umas tantas, revela: sonha em entrar pro Cirque de Soleil. Companhia circense canadense, conhecida como maior do mundo. Coisinha à toa, sabe. Cujos espetáculos, Felipe já teve a oportunidade de assistir 2, ao vivo. ‘Saltimbancos’ e ‘Alegria’. Em São Paulo e Brasília, respectivamente – enche o peito pra falar – Isso, graças a uma contemplação da rede Circo do Mundo, como ele mesmo nos conta, que todo ano escolhe algumas escolas de circo para irem as apresentações. “Pagam passagem, hospedagem, tudo.” Mas, voltemos ao sonho: “Tô indo para o Beto Carreiro no fim do ano. Já é um pontapé.” Eu sorrio, lembrando que o cara já até morreu – desculpem, humor negro incontrolável – mas ele logo completa: “Vou começar por baixo, como tudo na vida.”
Dou sinal verde para o Maurício fazer as fotos. Entretanto, é do vermelho que Felipe precisa. 3, 2, 1. E lá vai ele para a faixa de pedestre, em seus 30 segundos de arte, desejando que o mundo vire um picadeiro.
E nós aplaudimos ali, de pé.
Foto: Maurício Pokemon
18 comentários:
Excelente matéria, excelente texto. Confesso que por um momento veio a minha cabeça no final de tudo a cena dele com o iôiô chinês e vocês o aplaudindo.
Parabéns pela iniciativa e sorte.
Lindo, lindo, lindo. Salve Marimbondos! Começamos bem.
pedim gostei de v
é isso grande
vamo mostrar tudo de bom q tem aki no nosso pi... as principais figura do nosso estado. kkkkkkkkkkkkkkk
vlw
Muito bom, belo começo! E muito mais virá!
Não poderia ter começado de forma melhor. E, mais uma vez, meus parabéns, Lu.
E que venham muitos outros!
Amei a matéria lu.parabéns=)
Opa, opa, opa...! Não poderia deixar de comentar:
belas fotos, Maurício. Tô adorando os textos, galera. Parabéns.
Que venham os próximos.
Muito bom Luana!
Eu já te disse que admiro seu jeito de esrvrever.
Excelente!
bjs
Muito bom Luana!
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bjs
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Mana, tu é realmente MUITO boa em tudo que tu faz! :D
como eu já disse, comecei a ler a matéria e eu já sabia que era a tua sem nem ter visto o teu nome no final do post!
Além de super bem redigida, muito interessante. É disso que a gente precisa :D
Começou em grande estilo... E eu mal posso esperar pela próxima!
luana, adorei a matéria! :D
parabéns mesmo!
bjo
Perfeito seu texto. Dá até pra imaginar que estamos ali, ao lado do Felipe, admirando seus malabares. Arte de rua é mesmo muuuito interessante! Parabéns.
www.odamae.zip.net
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